Restos de Colecção: Teatro Rivoli

8 de novembro de 2013

Teatro Rivoli

O “Rivoli Teatro Municipal”, localizado na Praça D. João I, no Porto, foi projectado pelo arquitecto Júlio José de Brito (1896-1965) entre 1929 e 1932. Este arquitecto também foi responsável pelo projecto da Faculdade de Engenharia do Porto, na Rua dos Bragas.

Tudo começou em 5 de Outubro de 1913, a quando da inauguração do “Teatro Nacional”, da firma “Roque & Santos”,  e que ficava entre a Rua do Bonjardim e a Rua de Dom Pedro - no espaço onde hoje se erguem o Teatro Municipal Rivoli e o Edifício da Caixa Geral dos Depósitos. Foi projectado e edificado pela “Companhia Geral de Construções Económicas”. Os jornais da época deram à inauguração do imóvel - cuja lotação ultrapassava todas as existentes no país – honras de verdadeiro acontecimento na vida social e cultural da cidade.

Em 1926, a programação do “Teatro Nacional”, que incluía já teatro, ópera e concertos, começa também a incluir a exibição de filmes mudos, acompanhando a vaga de interesse pela sétima arte que varria todos os sectores.

Em 1928 têm início as obras obras de reestruturação do edifício - projecto do arquitecto e engenheiro José Júlio de Brito - que acompanha deste modo a evolução da cidade. Em consequência é inaugurado em 19 de janeiro de 1932 o “Rivoli”, propriedade de Manuel Pires Fernandes, que divida a propriedade com o Banco Borges & Irmão (este em minoria), edifício que ao longo das décadas vai mudando interna e externamente, em função da programação (começa a exibir também cinema) e do gosto estético vigente. Suceder-lhe-ia a filha, Dona Maria da Assunção Fernandes (mulher do banqueiro de Francisco António Borges), que se destacou pela invulgar coragem e persistência com que se empenhou na transformação do Rivoli em casa de grandes espectáculos, da opera e dos concertos às variedades e ao cinema.

Em 1932 um bilhete para a Geral custava 1 escudo (1$00), e conta-se que Pires Fernandes, empresário e primeiro proprietário do teatro, esperava no átrio, até determinado momento. Nessa altura, deixava entrar na plateia os clientes que tinham comprado bilhete para a Geral.

 

 

O imenso imóvel que ocupava todo o quarteirão é reduzido, em 1932, para dimensões mais consonantes com as necessidades da programação que albergava. O Teatro, já chamado “Rivoli”, reabre com estrutura também para a exibição de cinema sonoro, com alguns protestos de frequentadores habituais. A estreia decorre com a apresentação de uma comédia em três actos: Peraltas e Sécias, pela Companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro.

1941

 

 

A introdução do cinema sonoro provocou alguns protestos por parte dos frequentadores habituais do Rivoli, que preferiam os filmes mudos, mas os aplausos foram, apesar de tudo, em maior número: a sétima arte comovia e empolgava de tal forma os espectadores deste teatro, que os projeccionistas tinham mesmo que repetir algumas cenas mais famosas, rebobinando o filme a instâncias do público, como aconteceu por exemplo com uma canção de «A Canção do Triunfo» («Here’s to Romance», no original).

         

O arquitecto Júlio José de Brito, em 1940, retoca o exterior do edifício, elevando a platibanda e a fachada na esquina do teatro, para lá colocar um baixo relevo decorativo, do escultor Henrique Moreira. O “Rivoli” enfrenta assim a Praça D. João I, entretanto construída à sua frente com mais dignidade e encanto. Dois anos mais tarde, o espaço é novamente objecto de intervenção, para «alindar» os interiores, novo mobiliário e decoração de espaços públicos. Maria Borges, filha do proprietário inicial, culta e interessada pelo desenvolvimento local, continua devotadamente a prover a programação com ópera, concertos, teatro e bailado, mesmo que com prejuízo pessoal e enfrentando todos os opositores.

Baixos relevos de Henrique Moreira

 

Praça D. João I, com o Teatro Rivoli ao fundo

Em 1946, em pleno auge, a temporada do Rivoli inclui oito óperas dirigidas por maestro de renome internacional, inúmeros concertos de agrupamentos nacionais e estrangeiros e uma apresentação dos Ballet des Champs-Elysées, coreografada pelo conhecido Roland Petit. O Porto conhecerá nos anos seguintes um «reinado» de intenso movimento cultural, com personalidades como Helena Sá e Costa e a sua irmã Madalena, entidades como o Círculo de Cultural Musical ou a Orquestra Sinfónica do Conservatório.

As estreias sucediam-se, a programação contava com a presença da “Companhia Nacional de Teatro”, Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, Maria Matos, Vasco Santana, entre outros, fazendo a história da cultura portuense, especialmente brilhante entre os anos 40 e 60, período áureo da gestão de Maria Borges, cujas preocupações beneméritas se uniam à curiosidade intelectual e estética.

                                             1951                                                                                       1962

     

Em 1989, a Câmara Municipal do Porto decide comprar o edifício para o devolver ao seu objectivo inicial e à população portuense. Depois de duas décadas douradas, o “Rivoli” está sem programação de qualidade, sem público próprio, correndo o risco de se deteriorar.

“Cinema Rivoli” já numa fase de degradação

Anos mais tarde, em 1994  tendo retomado a actividade, o “Rivoli” prepara-se para uma profunda remodelação, não só em termos de espaço mas de capacidade de intervenção e interacção no panorama cultural da cidade. Inúmeros espectáculos, agrupamentos e entidades locais e internacionais passam pelo espaço que, já vazio, continua a ser alvo de experimentação de potencialidades nas mais diversas formas de arte.

O renomeado “Rivoli Teatro Municipal” abre em 16 de Outubro de 1997, depois de três anos de obras, completamente renovado e com gestão da Culturporto. Pólo cultural que agora tem mais um auditório - o que permite muitas vezes a apresentação de espectáculos em simultâneo -, sala de ensaios, espaços de convívio e restauração, apetrechado para todos os tipos de espectáculo, da ópera ao novo circo.

“Rivoli Teatro Municipal”, actualmente

Presentemente o “Rivoli Teatro Municipal” oferece:

Grande Auditório: Equipado para receber todo o tipo de espectáculos, desde a ópera ao novo circo, passando pela dança e teatro.
Número de lugares: 845 lugares; Plateia: cadeiras de orquestra (59 lugares), primeira plateia (176 lugares), segunda plateia (346 lugares); Balcão: primeiro balcão (84 lugares), segundo balcão (180 lugares).

Pequeno Auditório:  Um espaço para espectáculos de formato mais reduzido.
Número de lugares: 174 lugares

O Café-Concerto, Restaurante sendo um espaço gastronómico muito especial, cujo colorido se abre à cidade inteira, no 5º piso do Rivoli Teatro Municipal.
Cafetaria: No 3º piso do Rivoli, o Café-Bar prolonga as noites ao fim de semana, com Dj’s convidados e concertos diversos.

fotos in: Opsis, Cinemas do Paraíso, Matrix.net, Do Porto e Não Só, Rivoli Teatro Municipal

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