Restos de Colecção: Igreja de São João de Deus

27 de fevereiro de 2015

Igreja de São João de Deus

A “Igreja de São João de Deus”, projectada pelo arquitecto António Lino, e construída pelo construtor Diamantino Tojal, foi inaugurada a 8 de Março de 1953, na Praça de Londres, em Lisboa, com a bênção do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira. Estiveram também presentes na cerimónia, o Ministro das Obras Públicas, engº José Frederico Ulrich, o Governador Civil de Lisboa, dr. Mário Gusmão Madeira, o Presidente da Junta de Província da Estremadura, coronel Santos Pedroso, o veredor da Câmara Municipal de Lisboa, arquitecto Vasco Palmeiro (Regaleira).

 

Inauguração, com a cerimónia da benção pelo Cardeal Patriarca de Lisboa D. Manuel Gonçalves Cerejeira

  

São João de Deus (1495-1550)

No sítio onde hoje se encontra a Igreja de São João de Deus, tinha sido outrora, uma vacaria erguida por João do Outeiro. Era um espaço riscado pela Estrada das Amoreiras e Rua Alves Torgo e entremeadas de outros caminhos estreitos. Algo difícil de se imaginar hoje. Naquele lugar, hoje Praça de Londres, haveria de se implantar o «maior redil de almas de Lisboa».

 

Com os crescimento de Lisboa ao norte de Arroios, no início dos anos 50 do século XX, foi necessário estabelecer novas paróquias. Só Arroios, no censo de 1950, contava com 70.966 habitantes. O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Gonçalves Cerejeira,  decretaria a constituição de novas paróquias: Santa Joana Princesa, Santa Tereza (hoje “Igreja dos Santos Doze Apóstolos”), Santo Anjo de Portugal, São João Evangelista e São João de Deus, entre outras. Esta Igreja foi construída sem sacrifícios dos paroquianos, o dinheiro veio, em parte substancial, da indemnização do Estado pela demolição da “Igreja de Nossa Senhora do Socorro”, no Martim Moniz.

«António Lino foi o arquitecto escolhido para irmanar a modernidade com o recolhimento, a beleza com a sobriedade, o monumental com o funcional. Rodeou-se de nomes que eram ou viriam a ser famosos: o engenheiro Gonçalo Teixeira da Mota, os escultores Leopoldo de Almeida e Soares Branco (este ainda no início da carreira), o ceramista Jorge Barradas e o pintor Domingos Rebelo, autor do tríptico em que se descreve a vida de João Cidade, nascido em Montemor-o-Novo, que haveria de consagrar, como João de Deus, a maior parte da sua vida ao povo de Granada.» in “Diário de Notícias”

Nestes painéis, obra de Mestre Domingos Rebelo (1891-1975), podemos encontrar a ilustração dos momentos fundamentais da vida de São João de Deus. Os painéis encontram-se por trás do altar da igreja, ocupando grande parte da altura interior.

«É grande o templo, como grande é a paróquia. Entre os serviços de culto, as actividades pastorais e tarefas administrativas espalhadas por dezenas de salas em três pisos - mais a residência paroquial - cruzam-se, nos corredores, mais de 200 pessoas, sendo 9 empregadas, 2 sacerdotes fixos e 3 em colaboração.» in “Diário de Notícias”

Na época da construção, António Lino explicou o seu desejo de aproximar os fiéis do altar, vencendo a afastamento obrigatório que existia em relação à assembleia, circunstância que só foi alterada uma década depois com o Concílio Vaticano II.

 

 

 

Neste mesmo dia 8 de Março de 1953, seria inaugurada a "Igreja de São João de Deus" junto ao “Hospital Pediátrico São João de Deus”, dado em 1943 pela “Ordem Hospitaleira de S. João de Deus”, em Montemor-o-Novo, «terra da naturalidade do santo, e que foi construída por dádivas dos montemorenses, e do produto de várias festas populares e do esforço e dedicação dos irmãos da ordem hospitaleira, fundada por S. João de Deus.», inserida nas comemorações da data do nascimento deste santo.

"Igreja de São João de Deus" junto ao “Hospital Pediátrico São João de Deus” em Montemor-o-Novo

A “Igreja São João de Deus” foi sujeita, no ano 2000, a obras de restauro e conservação. As comemorações do Jubileu do Ano 2000 puderam assim encontrar a igreja com o exterior e interior com um aspecto completamente renovado.

 

 

 

fotos in: Paróquia São João de Deus, Arquivo Municipal de Lisboa

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